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O olhar de Maria Stella Pessôa sobre Benedito Nunes e Eidorfe Moreira

 

Retomo aqui algumas reflexões feitas por ocasião da XXI Feira Pan Amazônica do Livro, realizada em Belém em maio de 2017, quando Maria Stella Faciola Pessôa Guimarães (1956-2016) foi homenageada em um seminário especial. Naquela ocasião, lembrava-se do primeiro ano de falecimento da autora do premiado “Ficção em vez de confissões” (2005) e de “Mulher com seu amante” (2009). Fiz uma breve intervenção sobre Maria Stella nessa homenagem, na verdade, um testemunho de alguém que conviveu com ela nos seus últimos anos de vida e estabeleceu um fértil diálogo sobre um tema que interessava a ambos: a trajetória profissional, a obra e o legado documental de Benedito Nunes. O que segue é um resumo desse relato.

Para começar, voltemos ao ano de 2006. É a própria Maria Stella quem nos conta, no livro “O amigo Bené” (2011), que aquele foi o ano de mais uma mudança em sua vida. Em um dos cursos que Benedito ministrava aos finais de semana no Centro de Cultura e Formação Cristã, ela deu início ao contato regular com o professor, que a estimulava de duas maneiras: fazia-lhe crescer a vontade de estudar e, ao mesmo tempo, despertava-lhe o interesse por sua própria obra. Essa certamente não foi a intenção de Benedito, mas foi o efeito que suas aulas e conversas provocaram em uma pessoa que, naquela ocasião, estava se reinventando.

 

Maria Stella começou, então, a colecionar tudo o que dizia respeito a Benedito, criando, com o auxílio da internet, um banco de textos, imagens e vídeos que ela chamava de “recortes digitais”. No início, ela não tinha outra intenção além de documentar a trajetória de Benedito. Maria Stella conta, em um texto ainda tímido, A presença de Benedito Nunes no ciberespaço, publicado em 2009 na revista Asas da Palavra, como estava fascinada pelo potencial que a internet representava para a pesquisa. Nesse texto, o primeiro que escreveu sobre Benedito, ela já demonstrava uma capacidade notável para a compilação e organização de informações que, pouco tempo depois, iriam se revelar qualidades indispensáveis para seu projeto de investigação.

 

Com o acúmulo de uma já significativa quantidade de material, Maria Stella deu um passo adiante e decidiu fazer um mestrado. Seu projeto foi acolhido em 2010 pela professora Edna Castro no Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA), da Universidade Federal do Pará, e inovou ao inquirir a obra de Benedito não pelo viés da filosofia ou da literatura, e sim pelo do pensamento social. Segundo Maria Stella, Benedito era também “um interrogador e intérprete da Amazônia”. Nesse sentido, seria possível extrair de sua obra reflexões sobre a história, a sociedade e as culturas da Amazônia. Com essa finalidade, Maria Stella fez um criterioso levantamento da imensa obra de Benedito, identificando todos os textos que pudessem sinalizar algo para essa nova leitura, atenta para a forma como a cidade e a região onde Benedito nasceu e viveu são interpretadas. Foi nesse ponto que nossos caminhos se cruzaram.

Trabalhei na organização do arquivo pessoal de Benedito por mais de dez anos. Isso incluía atualizar regularmente o currículo dele e acondicionar seus textos originais em pastas que ele mesmo ia criando e transformando com o tempo. Apesar de eu já estar afastado da função quando Maria Stella deu início à sua investigação de mestrado, acabamos por nos encontrar na Casa da Estrella. Juntos lemos o currículo de Benedito, discutimos a maneira como ele classificava sua própria produção intelectual e os critérios que Maria Stella adotaria para selecionar os textos a serem analisados. Ela queria que esse processo fosse coerente e rigoroso, como convém a um trabalho científico, e creio que, de alguma forma, pude ajudá-la a delinear seu corpus documental.

 

Benedito faleceu antes de Maria Stella concluir o mestrado, em fevereiro de 2011. E foi ela um dos interlocutores que Andréa Sanjad e eu tivemos quando organizamos um dossiê em homenagem ao professor no Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Juntamente com professora Edna, Maria Stella publicou o texto Benedito Nunes e reflexões sobre a Amazônia, no qual antecipou, em certa medida, a estrutura da dissertação que elaborava. Ali já estão presentes uma aproximação com as motivações intelectuais de Benedito, com as reflexões que ele fez no âmbito das ciências sociais e também com o que Maria Stella então chamava de “possibilidades de pesquisa”: a apresentação dos 11 textos que ela escolheu analisar, de “Uma concepção geográfica da vida”, publicado em 1961, a “Pará, capital Belém”, de 2006. A margem temporal não foi justificada – e talvez isso ainda passasse despercebido para Maria Stella, mas o fato é que sua seleção abrangeu a maior parte da vida profissional de Benedito, permitindo uma oportuna análise diacrônica das representações que ele construiu sobre a região amazônica.

 

Maria Stella defendeu sua dissertação de mestrado no dia 22 de maio de 2012. O estudo de 233 páginas, intitulado Um olhar atrás da escrita: o pensamento de Benedito Nunes sobre a Amazônia, condensa os resultados dos primeiros anos de investigação da autora. Depois de situar seu tema de estudo no campo do pensamento social e de traçar algumas notas sobre a biografia e a obra de Benedito, Maria Stella faz uma alentada contextualização da produção daqueles 11 textos, descreve seu conteúdo, identifica os interlocutores e avança na interpretação desse corpus, chamando a atenção para os seguintes aspectos:

a) cultura, história e sociedade são o foco permanente da atenção de Benedito ao longo de sua trajetória de vida, em sucessivas interpretações e atividades profissionais;

b) a literatura e a hermenêutica situam-se na gênese de suas indagações intelectuais, desde a juventude;

c) isso se revela também na forma da escrita de Benedito: “reflexiva, ensaística, filosófica, interpretativa, procurando respostas a determinadas indagações e paralelamente lançando outras – abrindo caminhos para a meditação e despertando assim o interesse dos seus leitores na construção do conhecimento”;

d) seus textos são enciclopédicos, no sentido de fazerem referências a muitos autores, e multidisciplinares, lançando mão de distintas áreas de conhecimento para construir reflexões e argumentos;

e) em seus textos subjaz uma crítica permanente à cisão ou fragmentação do pensamento, como hoje muitas vezes se observa quando ciências e humanidades ou ciências e arte são colocadas em oposição, ou quando se nega à arte o caráter de pensamento, quando se atribui à ciência uma interpretação totalitária do mundo, quando se considera o conhecimento como eticamente neutro;

f) a memória, para Benedito, é nostálgica em essência, assim como o são as reminiscências que lampejam em seus escritos;

g) as relações sociais do professor, seja em escala local, nacional ou internacional, transparecem constantemente em seus textos, delineando um campo de atuação e circulação eminentemente intelectual;

h) sua produção conjuga o local e o universal, isto é, conecta-se a referências de seu círculo imediato e aquelas de perspectiva universalista.

Essas são algumas das conclusões de Maria Stella, por mim sintetizadas. Foram construídas a partir do que leu e apreendeu da vida de Benedito. Elas já revelam, em alguns tópicos, o interesse de Maria Stella pelos círculos sociais em que Benedito transitou – algo comum entre os biógrafos de intelectuais alinhados com a história social do conhecimento e que se preocupam em aproximar contexto e conteúdo, em entender como a vida produz a obra – e vice-versa. Exemplos dessa preocupação de Maria Stella são suas observações sobre Eidorfe Moreira, até esse momento esparsas dentro do que ela escreveu sobre Benedito. A própria Maria Stella apontou, em 2011, que foi a pesquisa sobre Benedito que a levou a esse outro pensador, ainda que, àquela altura, isso lhe parecesse apenas um detalhe, algo a ser mencionado em razão de Eidorfe ser pouco conhecido às vésperas de seu centenário, comemorado em 2012.

Já na dissertação, Maria Stella formula suas ideias de maneira mais clara e coerente. Um parágrafo à página 207 antecipa o que seria, a partir de 2012, o desdobramento da dissertação: um estudo comparado entre Benedito Nunes e Eidorfe Moreira, tanto do ponto de vista social quanto intelectual. Ambos residiram em Belém, formaram-se em Direito (mas se declaravam autodidatas, isto é, responsáveis por sua própria e principal formação intelectual), tiveram trajetórias profissionais semelhantes, conviveram, apesar da diferença geracional, e foram intelectuais cujas obras partiram do regional para transcendê-lo.

 

Maria Stella talvez planejasse construir esse novo caminho em sua tese de doutorado. É o que se pode depreender se observarmos o que aconteceu naquele mesmo ano de 2012. Enquanto se preparava para a seleção de um novo curso no NAEA, ela coordenou o Congresso Eidorfe Moreira, realizado em agosto de 2012 na Universidade da Amazônia e patrocinado pela Secretaria Municipal de Educação (SEMEC), à época administrada pela professora Therezinha Gueiros. Além de reunir muitos professores e pesquisadores em torno da obra de Eidorfe, celebrando o centenário de seu nascimento, o encontro permitiu que Maria Stella travasse conhecimento com Nísia Trindade Lima, convidada para fazer a conferência de abertura do congresso. O tema não poderia ser mais propício: “Região e Nação no pensamento social brasileiro: uma contribuição ao debate sobre a Amazônia”.

 

Em fevereiro de 2023, quando escrevo esse texto, Nísia é a Ministra de Estado da Saúde, cargo de grande relevância e exposição pública. Mas, à época do congresso, era apenas uma pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz que vinha se dedicando ao campo do pensamento social, com especial atenção à região amazônica. Nísia concebeu e criou a Biblioteca Virtual do Pensamento Social, um projeto em rede que agrega dezenas de pesquisadores de todo o país. Com ela, Maria Stella deu início a uma interlocução que rendeu muitos frutos: para Maria Stella, o contato com Nísia representou a ampliação de seus horizontes e, para Nísia, o contato com Maria Stella permitiu que tomasse conhecimento de Eidorfe Moreira no exato momento em que revia seu livro clássico, “Um sertão chamado Brasil: intelectuais e representação geográfica da identidade nacional”. Na segunda edição do livro, publicada em 2013, Nísia incluiu alguns comentários sobre a obra de Eidorfe, posicionando-a no cenário nacional.

 

Nísia certamente ganhou um exemplar do livro que Maria Stella havia organizado para o Congresso Eidorfe Moreira. Trata-se da terceira edição de “Ideias para uma concepção geográfica da vida”, de Eidorfe, em primoroso trabalho editorial também patrocinado pela SEMEC. Segundo Maria Stella, foi a professora Therezinha quem a animou nessa seara e foi Benedito quem sugeriu a republicação do título. Publicado originalmente em 1961, o livro ganhou um cuidado que não verificamos na segunda edição, de 1989, sob a responsabilidade da extinta CEJUP. Além da nova composição e da atualização ortográfica, foram adicionadas as referências bibliográficas, um oportuno índice remissivo, traduções dos trechos citados por Eidorfe em língua estrangeira, a reprodução da primeira resenha crítica que o livro recebeu (aquela de Benedito, escrita ainda em 1961) e um extenso estudo da própria Maria Stella.

 

Esse foi o primeiro dos textos de Maria Stella sobre Eidorfe, o que avançou naquele projeto vislumbrado na dissertação. Nele, Maria Stella acessa a obra de Eidorfe através de uma nota biográfica escrita por Maria Anunciada Chaves e de uma nota crítica escrita por Benedito Nunes, ambas publicadas em 1989. Depois de se referir à forma como Eidorfe aparece nesses textos – isto é, quais obras Anunciada e Benedito destacam, e como as avaliam – Maria Stella percorre outros textos onde Benedito faz comentários sobre Eidorfe, enfatizando como a obra do segundo tornou-se referência para o primeiro. Segundo Maria Stella, era frequente Benedito recorrer a Eidorfe quando fazia reflexões sobre questões culturais e sociais da Amazônia, e também quando escrevia suas memórias e reminiscências afetivas. Por fim, Maria Stella também localizou um ensaio de Eidorfe dedicado a Benedito, intitulado “Dom Quixote e o problema do conhecimento (uma análise epistemológica do herói cervantino)”. Isto tudo comprovou, para Maria Stella, a existência de conexões intelectuais entre ambos e abriu caminho para o estudo comparado que ela se dispôs a fazer.

 

Os anos de 2013 e 2014 foram particularmente ricos para Maria Stella. Ela deu início ao doutorado, frequentou um curso na Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro, apresentou sua pesquisa sobre Benedito em diversos eventos locais, regionais e nacionais, e publicou novos trabalhos com professora Edna. Participou ativamente da comissão de amigos que Maria Sylvia Nunes organizou para cuidar do inventário da biblioteca de Benedito, doada em testamento para o Centro de Cultura e Formação Cristã (atual Faculdade Católica de Belém), da qual eu e Andréa Sanjad participamos, junto a uma equipe do próprio Centro. Devidamente autorizados por Maria Sylvia, eu e Maria Stella buscamos no arquivo pessoal de Benedito tudo o que se referia a Eidorfe – terminando por encontrar artigos em jornais e os originais de uma outra resenha, publicada em 1960 e não considerada na dissertação de mestrado, mas igualmente importante para o entendimento da leitura que Benedito fez da obra de Eidorfe e da própria região amazônica.

 

O ano de 2015 foi menos ativo em razão dos sintomas e do tratamento da doença que lhe acometeu, mas ainda assim Stella participou de congressos e continuou publicando, desta vez os resultados de sua pesquisa em andamento sobre Eidorfe Moreira. Juntos editamos o Dossiê Eidorfe Moreira, publicado nesse ano no Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi com quatro artigos, sendo um assinado por Maria Stella e professora Edna. Esse novo artigo, intitulado O olhar de Benedito Nunes sobre a obra de Eidorfe Moreira, traz, como apêndice, a transcrição daquela resenha a que me referi, “Imagem do Sertão”, de 1960, mais um indício da repercussão quase imediata que os textos de Eidorfe provocavam em Benedito. Apesar da divulgação que os textos de Eidorfe chegaram a ter quando de sua publicação, apesar da atuação do autor como professor universitário, Maria Stella questiona, no artigo, as razões para a recepção bastante limitada da obra de Eidorfe, encontrando uma explicação na pouca circulação de seus livros e na carência de novas edições. Isso teria enfraquecido a inserção desse autor no campo intelectual. Em seguida, mantendo um método de análise documental que Maria Stella estabeleceu desde o início de seus estudos, todos os textos em que Benedito se refere a Eidorfe são comentados, um a um, ressaltando a avaliação crítica de Benedito, as ideias que ele valorizou e como Eidorfe se fez presente em seu repertório intelectual e sentimental. Em entrevistas e textos memorialísticos, Benedito fazia questão de nomear seus mestres – e Eidorfe é sempre um dos nomeados. Isso também permitiu a Maria Stella estabelecer uma espécie de filiação, ou vinculação entre ambos, afirmando que a obra de Eidorfe foi importante para a maneira como Benedito pensou a região amazônica. Essa ideia, apenas vislumbrada na dissertação, foi bem desenvolvida no artigo, que, em minha opinião, é um dos melhores assinados por Maria Stella.

 

Tenho a satisfação de ter sido o editor desse trabalho e também do outro que foi publicado no Boletim do Museu Goeldi, pois Maria Stella os considerava, no Currículo Lattes, os mais importantes de sua produção. Talvez em razão dessas felizes experiências, da amizade que comungamos, de estarmos envolvidos na conservação do legado documental de Benedito, Maria Stella tenha confiado a mim e a Andréa, pouco antes de falecer, uma cópia do extenso levantamento de artigos publicados por Benedito em jornais e revistas, que ela mesma organizou e tinha a intenção de editar em livro. Era o que tinha em mente quando nos enviou, em janeiro de 2016, uma notícia sobre o lançamento de uma coletânea de críticas de Lúcia Miguel Pereira, com o seguinte comentário: “Vejam que grande parte do livro vem de publicações em jornal”.

 

No caso de Benedito, são, ao todo, 172 textos, publicados entre 1959 e 2006 no Estado de São Paulo, Suplemento Literário de Minas Gerais, Folha de São Paulo e Colóquio/Letras. Esses textos demonstram que boa parte da produção intelectual de Benedito, assim como a de Lúcia Miguel Pereira e de muitos outros, foi divulgada na imprensa, sobretudo no início de sua carreira, entre o final da década de 1950 e os primeiros anos da década de 1970. Nesses quatro veículos foram publicados ensaios e resenhas críticas, com destaque para o Estado de São Paulo, onde Benedito manteve, durante dois anos, uma coluna intitulada “Crônica de Belém”. Muitos desses textos nunca mereceram uma revisão ou continuação por parte de Benedito, e não foram reeditados. Muitos estão diretamente ligados à atuação de Benedito enquanto crítico literário, incluindo nesse subconjunto leituras críticas das obras de Clarice Lispector, Guimarães Rosa, João Cabral de Melo Neto, Carlos Drummond de Andrade, Oswald de Andrade, Max Martins, Dalcídio Jurandir, Eidorfe Moreira e tantos outros. Maria Stella sabia que essa faceta não acadêmica de Benedito é pouco conhecida, datada de um tempo em que o ensaismo tinha guarida na imprensa e em que estudos literários e humanísticos eram por ela incentivados, bem antes de migrarem para a universidade.

 

É intenção minha e de Andréa honrar esse projeto de Maria Stella e publicar postumamente o seu livro. Esse projeto sofreu grande atraso com a pandemia de COVID, entre 2020 e 2022, mas continua em nosso horizonte. Decidimos iniciá-lo publicando no site beneditonunes.org a relação de todos os 37 textos que apareceram na revista portuguesa Colóquio/Letras entre 1971 e 2000, com os respectivos links de acesso. Esse conjunto se diferencia dos demais porque foi publicado em Portugal e em uma revista híbrida, que veicula tanto textos acadêmicos quanto de divulgação, assim como textos de ficção e poemas. Além disso, na data em que escrevo este comentário, a revista já está inteiramente online, com seu conteúdo acessível gratuitamente. Nesse sentido, o conjunto diferencia-se dos textos publicados em jornais brasileiros, os quais merecem, de fato, uma reedição impressa porque são de mais difícil acesso.

 

Os textos da Colóquio/Letras permitem conhecer o pensamento crítico de Benedito em ação, seu método de análise literária, sua capacidade de transitar entre diferentes gêneros e de se manter atualizado com a produção ficcional, poética e crítica de seu tempo. A maior parte dos textos é formada por recensões, escritas no momento em que obras literárias importantes foram publicadas pela primeira vez. São os casos de “Água Viva” (1974) e “A Hora da Estrela” (1978), de Clarice Lispector; “H’Era” (1973), de Max Martins; “Marca Registrada” (1974), de Armando Freitas Filho; “Em Liberdade” (1982), de Silviano Santiago; e “O Tetraneto del-Rei” (1984), de Haroldo Maranhão. Outras recensões tratam de estudos e ensaios sobre temas históricos, filosóficos e artísticos, como os de Aracy Amaral, Francisco Iglésias, José Guilherme Merquior, Luiz Costa Lima, Alcides Villaça, Wilson Martins e Heloísa Buarque de Holanda. Há, ainda, entre os textos listados, alguns estudos já clássicos e muito conhecidos de Benedito Nunes, os quais apareceram primeiramente nas páginas da Colóquio/Letras: são eles Poesia e filosofia na obra de Fernando Pessoa (1974), Clarice Lispector ou o naufrágio da introspecção (1982) e João Cabral: filosofia e poesia (2000).

 

Divulgar esse levantamento feito por Maria Stella quando o acesso aos volumes da Colóquio/Letras ainda era limitado foi a maneira que encontramos de perpetuar uma carreira promissora, mas interrompida abruptamente. O legado que Maria Stella nos deixou, suas inquietações, ideias, descobertas, curiosidade, tenacidade, método, capacidade organizativa, seguirão iluminando a fortuna crítica sobre Benedito e Eidorfe – e inspirando seus amigos e leitores naquilo que soube fazer tão bem, assim como os mestres que adotou por coração: a busca do conhecimento.

Nelson Sanjad

Museu Paraense Emílio Goeldi/MCTI

Editor do site beneditonunes.org

Para acessar a relação de textos publicados por Benedito Nunes na Colóquio/Letras, clique aqui.

Como citar esse texto:

SANJAD, Nelson. O olhar de Maria Stella Pessôa sobre Benedito Nunes e Eidorfe Moreira. Beneditonunes.org, 27 fev. 2023. Disponível em: https://www.beneditonunes.org/nelson-sanjad. Acesso em: dia, mês e ano.

 

 

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